Na Ășltima semana de outubro de 2025, o Rio de Janeiro foi palco de uma das maiores operações policiais da sua história, a Operação Contenção. O objetivo era claro: conter a expansão do Comando Vermelho, facção criminosa que tem estendido seus tentĂĄculos por todo o estado. A ação, que envolveu 2,5 mil agentes das PolĂcias Civil e Militar, tinha como meta o cumprimento de cerca de cem mandados de prisão, incluindo trinta de outros estados.
A operação foi o resultado de mais de um ano de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e 60 dias de planejamento, com a participação do MinistĂ©rio PĂșblico. Segundo o governador ClĂĄudio Castro, a operação não foi um ato impulsivo, mas sim o resultado de um longo e cuidadoso trabalho de inteligĂȘncia.
"Foi uma operação planejada, que começa com cumprimento de mandado judicial, investigação de um ano e um planejamento de 60 dias, que o MinistĂ©rio PĂșblico participou. Não Ă© uma operação de alguĂ©m que acordou e resolveu fazer uma grande operação" - afirmou o governador.
AtĂ© o momento, as autoridades confirmaram 81 prisões e a apreensão de 93 fuzis. No entanto, a operação tambĂ©m deixou um rastro de violĂȘncia e dor. Moradores foram atingidos por balas perdidas e pelo menos dois policiais ficaram feridos durante a ação.
O desfecho da Operação Contenção gerou uma onda de debates e crĂticas. O alto nĂșmero de mortes, a violĂȘncia nas comunidades e os relatos de abusos por parte dos agentes reacenderam a discussão sobre os limites da atuação policial e a necessidade de respeito aos direitos humanos.
O órgão de direitos humanos da ONU se manifestou, pedindo uma investigação rĂĄpida e eficaz sobre as mortes ocorridas durante a operação. A declaração da ONU ecoa as preocupações de diversas organizações da sociedade civil, que tĂȘm denunciado a escalada da violĂȘncia policial no Rio de Janeiro.
"Lembramos às autoridades suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos e pedimos investigações rĂĄpidas e eficazes", afirmou o órgão de direitos humanos da ONU.
A Operação Contenção expôs a complexidade da questão da segurança pĂșblica no Rio de Janeiro. A luta contra o crime organizado Ă© uma necessidade urgente, mas não pode ser feita a qualquer custo. Ă preciso encontrar um equilĂbrio entre a repressão e a garantia dos direitos fundamentais, entre a segurança e a justiça. Afinal, como sempre digo, a segurança não pode ser um salvo-conduto para a brutalidade.