Rio Retoma a Normalidade Após Dia de Guerra: Mais de 100 Mortos

Trânsito e serviços normalizados após megaoperação policial e confrontos nos complexos da Penha e do Alemão.

Por Redação em 29/10/2025 às 09:46:01

Na data de hoje, 29 de outubro de 2025, o Rio de Janeiro busca se recuperar de um dia de caos e violência. Após 12 horas de bloqueios e intensos confrontos, o trânsito e o transporte público foram normalizados, e a prefeitura confirmou o retorno ao Estágio 1 de normalidade. No entanto, o rastro de destruição e o número alarmante de mortos deixam a cidade em luto e reflexão.

A Operação Contenção, uma iniciativa do governo para impedir o avanço do Comando Vermelho (CV), desencadeou uma série de eventos trágicos. Planejada para cumprir 51 mandados de prisão, a ação tinha como um dos alvos Edgar Alves de Andrade, o Doca, figura importante na liderança da facção fora dos presídios. A operação mobilizou 2.500 policiais com o objetivo de estabilizar o território e capturar criminosos.

A expectativa inicial era de uma operação de rotina, apesar dos riscos envolvidos. Com informações de uma investigação de um ano da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), a polícia tinha mapeado pontos estratégicos e planejado uma entrada e saída rápida das comunidades. No entanto, a reação dos criminosos e a morte de policiais em confrontos alteraram o curso da operação.

Incursão em Área de Mata e Saldo Trágico

A morte de dois policiais civis e de uma dupla de PMs do Bope intensificou o avanço da polícia em áreas de mata, onde criminosos tentavam se esconder. A decisão de prosseguir com os confrontos, mesmo com a baixa visibilidade e o risco crescente, foi aprovada pelos superiores. Até o fim da noite, Doca não havia sido capturado.

O saldo da operação foi muito além do esperado: 81 presos, 93 fuzis apreendidos e, o mais alarmante, a suspeita de que o número de mortos possa ultrapassar 100, com dezenas de corpos encontrados na Penha. A comparação com a média mensal de 65 armas longas apreendidas pela polícia neste ano demonstra a magnitude da ação. A maior apreensão de fuzis no estado, 117 armas encontradas em 2019, ocorreu em circunstâncias diferentes, com os fuzis desmontados e ainda a serem comercializados.

A expansão do CV tem sido lucrativa, com novos parceiros de negócios em todo o país, aumentando a rede de fornecedores de drogas e armas. Essa expansão permitiu que o CV ganhasse protagonismo no tráfico internacional de cocaína, com remessas para a Europa e África.

Atualmente, muitos desses "parceiros de negócio", de pelo menos dez estados, estão nos complexos da Penha e do Alemão, e na Rocinha, de onde comandam suas quadrilhas à distância. Três dos mortos na operação eram criminosos da Bahia e do Espírito Santo.

Desde 2022, o Rio assiste à maior expansão do CV desde a criação dos grupos paramilitares, com a invasão de mais de duas dezenas de favelas. A facção domina o corredor que circunda a Floresta da Tijuca e concentra esforços na retomada de Antares, em Santa Cruz. Até o momento, o estado não conseguiu conter essa ofensiva, que tem nos complexos do Alemão e da Penha seu principal centro de articulação.

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AG MIDIA

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